terça-feira, 23 de outubro de 2018



Entre o Cais e a Barqueta

Trago isto para escrever desde as férias no Algarve mais bonito que conheço.
 
Nas Cabanas que pelo segundo ano decido habitar durante uma semana.
 
A semana do areal comprido, da água transparente e da barqueta necessária.
 
Para muitos a barqueta pode ser empecilho que nem uma dor nas costas, para mim é e foi oportunidade de luz no dia-a-dia.
 
Aquando da entrada na barqueta - "Sabe porque é que balança? Quanto mais tempo demora a decidir mais ele oscila e mais perigo corre em cair à água..."
 
Quanto cheguei à outra margem da Ria Formosa, saí sem pestanejar, numa pegada só que nem um penalty de medronho e, disse-lhe: "Tire me aí uma fotografia que isto vai dar um texto do caraças."
 
Naqueles cinco minutos entre margens pensei em como as indecisões e os seus tempos nos fazem tremer e balançar e quantas vezes caímos à água... esperar que decidam por nós, esperar que o barco pare de tremer, quando o destino do barco é o iceberg ou afundar.
 
O salto para o cais ou para dentro daquele ou de outro barco é nosso.  Então do que dependemos mais? Se não da nossa decisão livre, que pode até ser de cair à água mas foi porque quisemos e não porque afundamos com o barco.
 
P.S. Sempre que penso em escrever sobre uma luz no dia-a-dia encontramo-nos muitas vezes até chegar ao blogue, encontrei isto escrito numa estação de comboios e achei que fazia sentido terminar assim: "Enquanto vais e vens, ainda tens tempo para me agarrar aqui. e enquanto vais, eu já fui e voltei e tu ficaste a pensar... eu nem pensei, fui."