quarta-feira, 30 de março de 2016

Bastou apenas um encontro

Desde a passada sexta que trago este post no coração.
Até sonhei com ele, com o peso que tenho de não o ter escrito antes.
Já tinha ouvido falar dele, como alguém que amava a advocacia e a prática individual de forma única.
A sua filha mais velha, de quem sou muito amiga, disse-me algumas vezes, "és a filha que o meu pai adorava ter".
Falo do pai de uma amiga, o Dr. Simão de Matos, advogado do Porto, católico, chefe de uma família encantadora, gostava de passar férias em Tróia - faleceu segundo me informaram quinta-feira passada.
Desde que soube que estava doente, que rezei por ele e pensei em visitá-lo.
Sentia-me próxima dele e do sofrimento por que passava, não só pela amizade que me une à Salomé, como também pelo gosto que tive quando finalmente nos conhecemos.
Foi no verão passado, enquanto mais um ano passava férias em Tróia.
Pediu com a delicadeza que lhe era intrínseca, "Salomézinha vai ter de partilhar a companhia da sua amiga Maria com a sua família".
Quis me agradecer, vejam só, a recomendação de um restaurante que sugeri enquanto passavam por Alcácer no seu primeiro dia de férias.
E foi na Tasca do Barrocas que nos conhecemos.
Mesa farta, comida boa, não faltaram muitos finos que estava uma noite quente, entre muitos cigarros e histórias, muitas, da nossa advocacia de prática individual.
Impressionou-me o à vontade com que a Carminho fumava à frente daquele pai, o mesmo à vontade com que na esplanada o Simão se benzia e abençoava a refeição, sem vergonhas, sem medo.
Imagino que com o que construiu, assim tenha chegado ao céu.
Ficou a promessa de quando fosse ao julgamento a Viana do Castelo ficar na sua casa no Porto, "tenho imenso gosto, aliás faço questão Maria".
Promessa que ainda irei cumprir.
Bastou apenas um encontro - Obrigada.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Um blogue que tem música


Mensagens, telefonemas e posts que são "ponto de luz"

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Por motivos profissionais, o telefone toca muitas vezes, começando antes das nove e sem hora nem dia para ter folga, a não ser quando ele se impõe e precisa também ele de carregar bateria.
Hoje está especialmente imparável e por isso decidi dar-lhe meia-hora de almoço para escrever.
Entre a variedade de telefonemas que vou recebendo, entre os clientes, a velhinha da igreja ou aquele amigo que se engana e marca o nosso número, há chamadas ou mensagens que são "ponto de luz".
Dei-me conta disso na passada quarta-feira passava já das 21.30h quando recebi um telefonema de uma amiga, só para saber como estava a correr a semana. Ainda não nos tínhamos visto. Por mais que lhe pedisse desculpa e, justificasse que tive para passar por casa, ela deu prioridade mesmo a saber notícias.
É sempre luz termos quem se preocupa connosco, só que quando provem de quem é, ou aparenta ser naturalmente desligada, tal telefonema torna-se mais especial, damos uma importância diferente.
Passados dois dias, um amigo mandava-me uma mensagem via telemóvel, a dar-me os bons dias e a chamar-me a atenção para ir ver o facebook.
E o que era? Dar-me ao conhecimento de duas músicas da Sara Tavares,"A luzinha" e o "Ponto de luz".
Emociona-me esta envolvência do blogue dos amigos, dos que por cá vão passando no meu porto de luz.
Ontem também uma Colega de profissão me enviava através do mural uma imagem com a mensagem "Seja de luz de verdade".
Lembrar que um telefonema, uma mensagem, um post que fazemos pode ser a única luz que alguém tem no seu dia, sejamos também nós luz de verdade.

sábado, 12 de março de 2016

Porque as amigas não têm idade

"Quando eu for da tua idade e tiver 30 anos, tu quantos anos terás?"
"És muito velha ou ainda conseguirás ir comigo a Paris?"
"Porque é que as pessoas se separam?"
"As pessoas que estão no céu estão felizes?"
"Posso ver no google como será o céu..."
Todas as perguntas foram-me feitas por uma amiga muito especial que já tem 8 anos.
Pode parecer curioso, entre nós há uma diferença de 23 anos, ainda assim, é uma diferença que não nos afasta, aproxima.
Entre nós há uma cumplicidade de juntas vermos o mundo, a cidade, a política, as pessoas...com o tempo da idade de cada uma.
Nunca nada fica por responder.
Quando o nosso olhar se cruza há uma alegria genuína.
Há segredos que são só nossos, partilhados no tapete do quarto.
Sinto-me sempre segura com ela, por mais escuro que seja o caminho a nossa amizade ilumina-o sempre e, de mão dada continuamos porque a amizade não tem idade.


quarta-feira, 9 de março de 2016

Letras to be light

Ontem comemorou-se o dia internacional da mulher.
Entre redes sociais que se encheram de dizeres e fotografias, municípios que distribuíram flores, clientes que me ligaram para dar um beijinho e nem o perito do tribunal ignorou o dia, começando a perícia com "Antes demais parabéns por ser o seu dia!".
Entendo o marco e o porquê de ainda ter que haver um dia.
Por mais que a igualdade de género esteja na moda seremos sempre diferentes e complementares e, ainda bem, digo eu.
Todos nós temos na nossa vida mulheres que nos marcaram, mãe, avó, tia, irmã, aquela amiga, uma outra.
Tenho muitas outras amigas sobre quem poderia escrever e, quem sabe um dia terão lugar aqui.
Hoje quero escrever sobre a Vera Letras.
Porquê?
Por ser luz.
A Vera poderia-se ser enfermeira, a óptima enfermeira que é.
Só que a Vera é mais e não se conforma com o horário das 9h às 17h e de quando em vez fazer urgências.
Ela é mais e quer mais.
Seja na zumba que leva alegria e luz às aldeias que circundam Alcácer, seja no brio que põe e nos sonhos que cria e realiza.
Sonha e faz sonhar, acredita nos projectos e leva-os para frente, envolve e faz brilhar.
Entre a zumba para miúdos e graúdos, espectáculos cheios de criatividade, quer seja de beneficência ou apenas para trazer alguma cultura à cidade, uma associação, a Ritmus, o estúdio "letras to be fit", ela não pára e não faz parar todos os que sonhamos com ela.
Ontem quando me contava de mais um projecto os olhos enchiam-se de brilho, a força da luz que que trazia dentro já me dizia "Vai ser mais uma aposta ganha".
Obrigada e continua...