quinta-feira, 23 de abril de 2020

Dias da semana

Domingo aquele homem de 40 anos vestido de roupa de missa, camisa de colarinhos engomados, o sapato bem engraxado - és assim de manhã, à tarde espreguiças-te no sofá de livro na mão, lareira acesa, pijama vestido refletindo e preparando  a semana que se avizinha. "Não há domingo sem missa nem segunda sem preguiça.

Segunda-Feira essa menina inquieta e enérgica - vestida  do ânimo da saia plissada e rodagem querendo fazer tudo ou nada e guardando para a sua irmã terça as suas pendências.

Terça-Feira essa velha rabugenta que nem é a irmã do meio nem a prima do fim-de-semana. A terça-feira é uma chata, é aborrecida e veste-se de amarelo chinês e só é feliz porque em janeiro tem escrita criativa.

Quarta-Feira essa filha do meio. O pior já passou. Ela é meio preocupada e meio responsável com tudo. É feita de crossfit e do que irá viver no futuro.

Quinta-Feira essa estudante universitária de capital e traje e festa da cerveja na Faculdade de Direito. A quinta-feira é noctiva por natureza fazendo ponte com a sexta.

A sexta-feira essa miúda de 30 anos que janta fora sempre, que se sente feliz depois de tantas saúdes com a malta, veste de calças de ganga e blaizer e ténis nos dias em que tem que ser a advogada. Ela gosta de namorar o sábado noite adentro.

Sábado esse bom rapaz e cheio de sol, praia e petiscos e que não usa relógio.



domingo, 26 de janeiro de 2020

SEMÁFORO

Aprende-me a ler.
São os poucos os que conhecem esta emoção intercalar de quem sou, numa inconstância de quem não é só vermelho, nem verde e muito menos amarelo. Aliás de todo o seu semáforo que traz pendurado em si, o amarelo é aquele que tem mais dificuldade em lidar e em ser.
Quando o amarelo está ligado em si é porque vive momentos de angústia, se sente perdida e não sabe se avançar para o vermelho e parar ou ir prego a fundo sem olhar a quem, como um amarelo esverdeado azeitona.
São poucos mas os melhores que o conhecem e o sabem de uma forma tão ardilosa quando avançar, quando parar e quando abraçar e conduzir de acordo com esse semáforo.
Esse livro de três cores um drama, romance e comédia por vezes sem pontuação como de um Saramago se tratasse é em algum momento um arco iris sonoro que permite peões e condutores por lá passarem e desfrutarem a melhor das aventuras dançando as três cores que trazes ao peito.
 
 
 
 
 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A voz de Alice

Não te queixes ... Alice.

Meteste-te nisto. Agora. Não te queixes. Tu que dançaste a salsa e o merengue põe-te nas pontas pés e aprende a dançar a valsa no gelo de Viena.

Tu que te lambuzaste no verão aprende a descobrir a beleza do vinho quente cheio de especiarias e de travo a canela e não te queixes.

Tu sabias Alice, que não ía ser fácil e que essa aventura de verão europeu que se transformou em verão latino-americano poderia trazer o travo de um vinho que sabe a rolha. Então, não te queixes.

Aprende a surfar o inverno, mergulha no Macnamara que podes ser e acredita em ti. Continua a regar com vinho ou água tudo o que queres transformar... E não te queixes.