quinta-feira, 30 de junho de 2016

A praia não foge

Há dias combinava um domingo de praia com o meu primo Henrique - um alentejano da maior excelência que conheço.
Ele havia-se despachado primeiro que eu e encaminhava-se para a nossa praia.
Assim que recebi a sua mensagem, apressei-me a justificar que ainda não tinha tomado o pequeno-almoço, que o faria dentro de instantes.
Ele respondeu-me: "Tranquila. A praia não foge."
Tão banal e tão preciosa como a luz de cada dia foi esta frase.
Tantas vezes consideramos que a nossa praia nos foge como uma ampulheta que conta o tempo.
E o que é esta nossa praia?
O trabalho que temos por fazer ou terminar, a tese que temos de entregar, o peso que queremos perder, os negócios que queremos fechar, o amor que queremos esquecer ou encontrar, a pessoa que queremos ser.
Os atalhos por onde vamos para chegar sempre mais rápido, levam-nos, encaminham-nos habitualmente para más escolhas - o trabalho com menos brio, perda de dinheiro, a escolha de pessoas erradas, má comida...
Os atalhos retiram a beleza do olhar o nosso caminho, da paisagem, dos verdadeiros companheiros de viagem...
Muitas vezes, agora, digo de mim para mim, "Tranquila. A praia não foge." - Obrigada Henrique.

                                               

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