terça-feira, 26 de julho de 2016

Uma ida ao SEF

Foi na passada 5ª feira que acompanhei um casal a renovar o seu visto.
Nascidos na década de 90, uns miúdos com responsabilidades e pesos de gente grande.
Ele assustado com um portefólio de micas tremia assustado, aquando a máquina téunéun e apareceu no ecrã D06.
Era a mesma senhora que lhes havia vedado a última renovação.
Nós mulheres somos mais afoitas e, nisto, num tom mordaz adocicado e provocador, a sua esposa, dizia à tal senhora, segui o teu conselho, já estou esperando bebé.
A tal senhora tinha uma aspereza contida, avento que não deve ser feliz ali, um dia inteiro sentada numa secretária de 50 centímetros, com gente por todos os cantos a implorar por um papel.
Eu ia assistindo num optimismo destemido, tentei acalmar cada um, e repetia muitas vezes, para eles e para mim, vai correr tudo bem, enquanto procurava o atestado da Junta de Freguesia.
Comecei a pensar naquela mulher, percebi que pelos traços dos lábios, dos olhos e do cabelo que, também as suas origens não deveriam ser ali de Carnide ou Alfama, apesar de o facto de estar do outro lado da secretária lhe dar um poderio do caraças.
Pensei que deveria ser uma mulher de coração endurecido e, sem pensar muito, perguntei: "Como se chama?"
- "Luz". respondeu ela.
LUZ?!!!!!! - Eu estava maravilhada! Esbocei um sorriso rasgado e disse - eu também.
E numa cumplicidade de luz a partir de então, o trato, tornou-se fácil, muito fácil.
Só faltou mesmo dar-lhe o endereço do blogue, gostava mesmo que lesse este post.
Como pequenos gestos de diferença podem terminar com as atitudes de indiferença.

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